quarta-feira, 16 de junho de 2010

A sair de Moçimboa


Nós, claro que passamos a andar tristes e com um pouco de medo. Pois nós com vinte meses de guerra já quase nos imaginávamos a regressar a casa sãos e salvos. Fui ter com o condutor Xavier e disse-lhe:

- Olha, se houver algum azar levas a minha mala e as minhas coisas e entregas aos meus Pais.

Pois o Xavier era o militar da CCS que morava mais perto dos meus Pais e tínhamos andado sempre juntos em quartéis na Metrópole:
CICA4 – Santa Clara – Coimbra, onde o Comandante da Unidade era o que mais tarde foi nosso Comandante de Batalhão, portanto teríamos sido eu e o Xavier os primeiros do nosso Batalhão a conhecê-lo, depois fomos para o R.C.6 – Porto, até que fomos formar o Batalhão a Santa Margarida.

Dizia eu que me fui despedir do Xavier e do resto do pessoal e embarcamos de avião com destino a Nampula, chegados lá, apresentámo-nos aos «adidos» e ficamos a aguardar notícias.

Passados alguns dias apareceu um Furriel de Moçímboa da Praia que estava numa Companhia que tinha ido render a 2727 que nos disse que vinha ter connosco para levantarmos as viaturas e para regressarmos a Moçímboa.

Não consigo descrever a alegria que sentimos ao ficarmos a saber que de facto não íamos para Mueda.